terça-feira, 4 de junho de 2013

ONDE É QUE NÓS ESTAMOS? E ONDE VAMOS PARAR?



Estava retornando para casa depois de mais um expediente no Quartel, quando ouvi através do rádio da viatura um comunicado do CIOPS (Centro Integrado de Operações de Segurança), acionando uma de nossas guarnições motorizadas que executam a Ronda da Comunidade na região Metropolitana de São Luís – MA, para atender a mais uma ocorrência desta terça-feira 04/06.


Mas, o que me chamou a atenção foi a inusitada “ocorrência” de um pai que se sentindo impotente diante de seu filho menor, acionava a polícia a fim de gerenciar um problema eminentemente de ordem familiar, uma vez que o seu “filhinho” o ameaçava.

O bairro Anjo da Guarda é um dos mais populosos da Capital e tem uma tradição salutar da representação teatral da Via-Sacra que já faz parte do calendário cultural oficial do governo do Estado. E era precisamente uma das famílias desse bairro que receberia a “estranha” intervenção policial.
A guarnição ainda surpresa retornava ao CIOPS sua interpretação da ordem recebida a fim de permitir pelo feed-back eventuais possibilidades de correções:
- Ok, Polícia Militar em deslocamento para apoiar a disciplina da família; quando a família não disciplina é a polícia que o fará (observava indignado o interlocutor da guarnição).
O Rádio-comunicador do CIOPS endossou:
- Isso mesmo! A missão é convencer um menor de que é um dever prestar obediência aos pais.
A partir daí meus pensamentos passaram a considerar a triste realidade do mundo em que vivemos, e a indagar: ONDE É QUE NÓS ESTAMOS? E PARA ONDE VAMOS PARAR?

Sempre tive a convicção de que nós policiais deveríamos ser acionados, somente quando todos os recursos de negociação e gerenciamento de conflitos se mostrassem inócuos. As três grandes instituições sociais formadoras do caráter, afirmam os especialistas, são a família; a escola e a igreja. Quando elas falham, a polícia entra em cena como ferramenta de controle do Estado para a garantia da ordem social.

Por isso é que lamentei o episódio de hoje. Prova inequívoca de uma família desestruturada; de um sistema de ensino ineficiente; de um ministério religioso que ainda não conseguiu atingir plenamente os objetivos de sua vocação. Sei que há muitas outras variáveis a serem consideradas na avaliação dessa questão: como garantir que as futuras gerações possam viver e cultivar a paz?
Será que um dia a hipótese de Skinner se confirmará? Ou seja, conseguiremos desenvolver uma Ciência do Comportamento capaz de produzir em série senão um caráter padrão, pelo menos uma sociedade capaz de reproduzir um padrão comportamental almejado que garanta a boa convivência social? Com a palavra: os filósofos; psicólogos; sociólogos; teólogos, e por que não dizer... Você? Pois, no fundo somos um pouco de cada um deles.

Tenente Coronel PM Celso Jardim

Atual Comandante do 1º BPM em São Luís - MA

2 comentários:

Unknown disse...

Sou escrivão de polícia em Pernambuco. Em nada mudou o relato acima com o vivido aqui.

A impressão que dá é que o comportamento humano se repete em escala mundial, haja vista a televisão noticiar fatos semelhantes no modus operandi no Estado de São Paulo, Nos EUA, na Europa,...

Em Pernambuco mais de 50% dos registros de ocorrências policiais são decorrentes a problemas familiares.

Há cerca de 1 hora atrás ouvia um irmão que disse não gostar dos irmãos e da mãe. Ele disse ja ter desejado tirar a própria vida.

O que mais nos resta como cristãos para mudarmos a história da humanidade acelerando a volta Daquele que é a pedra angular?

lauro s cardoso

Coronel PMMA Furtado disse...

Companheiro TC Celso Jardim,

A sua inquietação sobre o palpitante tema discorrido, com informações riquíssimas nos mostra o quanto é uma interrogação os resultados a serem alcançados com a criação que proporcionamos aos nossos filhos.
Sabidamente o bom caráter arraigado ofertará aos filhos exemplos que tende a moldá-los, baseados nos comportamentos oferecidos e alicerçados pela retidão, ética, moral e outros atributos.
Como bem argumentastes segundo especialistas, uma família estruturada, um ensino eficiente e a crença em um ser superior direcionando a vida dos filhos, sem sombra de dúvidas é capaz de operar uma boa base que consiga ser capaz de enfrentar os ensinamentos do mundo pervertido.
Destarte, creio que estou de acordo com as teorias de Burrhus Frederic Skinner, que disse que a aprendizagem é basicamente uma mudança de comportamento que é ensinado através de reforços imediatos e contínuos a uma resposta à um estímulo emitida pelo sujeito, e que seja mais próxima da resposta desejada. Fortalecidas, as respostas serão emitidas cada vez mais adequadamente, até se chegar ao comportamento desejado.
Assim devidamente fortalecido os reforços de bem na família, a conduta religiosa comandada pelo Criador do Universo e acompanhando-se o desenvolvimento escolar, estaremos preparando nossos filhos para estarem vacinados para as adversidades externas, como crianças, jovens e homem/mulher de bem, deixando a polícia com mais liberdade para atuar em situações que não foram bem sucedidas.
Parabéns pela visão.
São Luís-MA, 09 de julho de 2013.

TC Carlos Augusto FURTADO Moreira