Um curso de Direito oferece inúmeros desafios:
o domínio dos fundamentos filosóficos que explicam a existência do Estado
moderno e das regras de conduta; a intimidade com as nuanças dos embates
teóricos que dividem jusnaturalistas e juspositivistas; o enfrentamento dos
conflitos entre o que é legal, moral e justo que, por vezes, abalam os
referenciais de valores de cada um,...
Porém, entre todos os desafios; ao
adequado uso da língua lusitana credita-se a história de sucesso ou insucesso,
de virtuosismo ou mediocridade dos candidatos à profissão de Beccaria.
De fato, é no emprego das palavras que o
advogado se revela. Da sua atuação, dependerão os destinos dos seus clientes,
pois ainda que a palavra não tenha o condão de transformar as verdades dos
fatos, o profissional competente no bom uso das letras conseguirá organizar
adequadamente o seu discurso, traduzindo com fidelidade o seu ponto de vista e
conduzindo habilidosamente os seus interlocutores na direção do estabelecimento
de um clima de convencimento.
Desta forma, quer escrevendo, quer falando,
os profissionais do Direito têm na língua, a possibilidade de conquistar
leitores e ouvintes pela forma peculiar de trabalhá-la.
Tais quais os elementos materiais de uma
construção civil, no modo como combinamos as palavras podemos construir, desde
edifícios suntuosos da mais apurada retórica, a uma mísera choupana de
linguagem inculta, vulgar, desprovida de estilo.
O poder de persuasão, qualidade tão
necessária ao advogado, é em grande medida, resultado do domínio que demonstrar
ter, em transitar a sua técnica jurídica, nos caminhos tão pouco explorados da
correção gramatical.
A história jurídica Brasileira viu brilhar
uma estrela de primeira grandeza no uso da língua pátria, no exercício da
advocacia; Rui Barbosa soube como ninguém, manejar com maestria e esmero os
segredos da correta e inteligente argumentação, qualidade esta que o
“imortalizou” no seleto rol dos juristas eruditos.
Portanto, aqueles que não se entretêm numa
sólida amizade com o idioma, como eternos anônimos, permanecerão.
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