quinta-feira, 17 de maio de 2007

Uma ferramenta essencial




Um curso de Direito oferece inúmeros desafios: o domínio dos fundamentos filosóficos que explicam a existência do Estado moderno e das regras de conduta; a intimidade com as nuanças dos embates teóricos que dividem jusnaturalistas e juspositivistas; o enfrentamento dos conflitos entre o que é legal, moral e justo que, por vezes, abalam os referenciais de valores de cada um,...
Porém, entre todos os desafios; ao adequado uso da língua lusitana credita-se a história de sucesso ou insucesso, de virtuosismo ou mediocridade dos candidatos à profissão de Beccaria.
De fato, é no emprego das palavras que o advogado se revela. Da sua atuação, dependerão os destinos dos seus clientes, pois ainda que a palavra não tenha o condão de transformar as verdades dos fatos, o profissional competente no bom uso das letras conseguirá organizar adequadamente o seu discurso, traduzindo com fidelidade o seu ponto de vista e conduzindo habilidosamente os seus interlocutores na direção do estabelecimento de um clima de convencimento.
Desta forma, quer escrevendo, quer falando, os profissionais do Direito têm na língua, a possibilidade de conquistar leitores e ouvintes pela forma peculiar de trabalhá-la.
Tais quais os elementos materiais de uma construção civil, no modo como combinamos as palavras podemos construir, desde edifícios suntuosos da mais apurada retórica, a uma mísera choupana de linguagem inculta, vulgar, desprovida de estilo.
O poder de persuasão, qualidade tão necessária ao advogado, é em grande medida, resultado do domínio que demonstrar ter, em transitar a sua técnica jurídica, nos caminhos tão pouco explorados da correção gramatical.
A história jurídica Brasileira viu brilhar uma estrela de primeira grandeza no uso da língua pátria, no exercício da advocacia; Rui Barbosa soube como ninguém, manejar com maestria e esmero os segredos da correta e inteligente argumentação, qualidade esta que o “imortalizou” no seleto rol dos juristas eruditos.
Portanto, aqueles que não se entretêm numa sólida amizade com o idioma, como eternos anônimos, permanecerão.

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